Medo, irracional ou não?

Caras salamandras, tubarões e tão estimados humanos, como estão se sentindo neste início de semana?
Já que estes dias passados postei sobre fobias e falei um pouco sobre o medo "racional", estava pensando "Por que não falar sobre o tão famoso medo 'irracional'?".
Bom, vamos começar pela pergunta mais frequente e óbvia, você possui algum medo?
É claro que todos temos medo de algo, seja por algo "bobo" ou que realmente assusta como um todo; vejamos eu, por exemplo, posso estar em pé e firme a hora que for, mas, se quer me ver com medo, basta me colocar do lado de uma aranha ou tentar tirar meu sangue.
Peço desculpas aos enfermeiros e médicos que tentaram isso e levaram uma sequência de chutes, pontapés, mordidas ou até terem de se retirar pelo maxilar deslocado; mas é a vida!
Podem me chamar de selvagem ou algo do gênero, porém, o que faz vocês se desesperarem ou paralisarem, se ajoelharem e pedir por sua vida? Exagerei?
Pois bem, uma simples barata pode assustar grande parte da população, principalmente mulheres; o temor se estende de um simples grito desesperado até paralisia muscular (como algumas pessoas que conheço); mas, o que a ciência diz muitas vezes é incoerente para nós, afinal, se eu ouvir um especialista falando sobre o seu medo, eu posso muito bem concordar, já que não sou eu quem vivencio isto.
Entretanto, eu sou extremamente conservador sobre o assunto de medo; concordo que tenha que ser debatido e explorado mais a fundo, porém, dizer que é altamente irracional, eu devo discordar. Psicólogos dizem que o medo (em maior parte) é extremamente racional e que esse foi o gatilho do domínio da espécie humana sobre o planeta; pois o medo desencadeou a sobrevivência, evitando assim, animais perigosos, locais onde a sua sobrevivência seria quase que nula.
"É claro que, o medo irracional existe; porém, ele não é o mesmo que as pessoas consideram ser..." diz o diretor do CEmP (centro de estudos em psicologia), ele continua:
"O medo foi uma ignição das mais básicas já conhecidas pelo homem, afinal, nossos ancestrais sobreviveram graças a este sentimento. Atualmente, muitos levam em consideração de que o medo é algo irracional, entretanto, devemos discordar em algumas instâncias.
Alguns medos estão, de certa forma, enraízados em nosso subconsciente, como a aracnofobia (medo de aranhas) por exemplo. Atualmente, algumas aranhas foram comprovadas como inofencivas, entretanto, imagine-se em um passado, onde você não possuia este conhecimento e através da sua vida cotidiana e presença de ataques destes animais podiam levar uma pessoa a perca de um membro do corpo ou até mesmo a morte, dependendo do veneno inoculado pelo animal.
O medo ao qual me refiro, é uma forma de defesa que o cérebro encontra para se defender, é claro que podemos levar em consideração o temor por animais selvagens entre outras coisas. O medo irracional, é todo aquele o qual o cérebro se defende de algo o qual, o resto da população sabe que aquilo não é prejudicial.
Um exemplo desta irracionalidade é a alectorofobia (o medo de galinhas), grande parte da população sabe que é um animal que possui baixa probabilidade de causar dano a alguma pessoa, entretanto, outros acreditam que precisam se proteger deste tipo de animal."
Agora vejam, se o medo pode não ser tão irracional, por que até hoje as pessoas se precipitam em dizer que é tolice ter medo ou enganam a si mesmos dizendo que não possuem nenhum tipo de temor.
Ele também explica que o medo, possui várias formas de surgir para uma pessoa, e a mais comum é a disseminação através do convívio com pessoas que possuem algum medo:
"Um dos grandes problemas para o medo que aflige a sociedade nos dias atuais, concerteza se inicia com os nossos pais.
O pai e a mãe são os principais transmissores de medo a um filho, seja ele recém nascido ou não; testes comprovam que, uma mãe passa o medo para a criança de forma incondicional. Foram feitos testes, onde se encontravam duas mães e seus respectivos filhos, a primeira era dançarina do ventre e era especializada em dança com cobras, resumindo, ela não tem temor a cobras, e uma cobra foi posta ao lado da criança (a cobra era desprovida de presas, constam detalhes), a qual não demonstrou nehum temor.
Já no segundo caso, foram feitos dois testes. O primeiro, a criança foi posta junto com a cobra, e ela não demosntrou nenhuma forma de medo sobre o animal; no segundo teste, a criança foi posta junto a mãe na sala com a mesma cobra, a mãe não estava em contato físico com o filho, porém, a análise concluiu que a presença da mãe (a qual possuia medo de cobras) influenciou o filho, e este iniciou longos choros e berros para sair de perto da cobra.
Isso nos conclui que o medo é extremamente 'contagioso' por assim dizer, veja que a criança não possuia medo algum pela cobra, entretanto, o simples fato da mãe estar próxima e temer pelo filho já foi o bastante para a criança se assustar com o animal, o qual ela mesmo já havia passado a mão em alguns momentos do primeiro teste."
Estudos realizados nos Estados Unidos, comprovam este "contágio" de medo em animais. Estudos laboratoriais selecionaram alguns chimpanzés de idades aproximadas, a diferença era que, metade era de chimpanzés selvangens, capturados para o estudo e a outra metade era de chimpanzés nascidos em cativeiro do zoológico estadual.
Inicialmente, os chimpanzés selvagens foram colocados em jaulas separadas e do lado de fora, uma cobra de pelúcia foi posta e a experiência filmada; os selvagens se debatiam contra a jaula e se demonstraram inquietos ao verem a cobra (de pelúcia) do lado de fora da jaula. Logo após, os nascidos em cativeiro foram colocados em teste; em primeira fase de teste, eles não demonstraram nenhuma alteração pela presença da cobra. Após esta fase, eles submeteram estes mesmo chimpanzés a uma sessão de vídeo, a qual foi repassada as gravações dos chimpanzés em alto temor pela cobra.
Um novo teste foi feito com estes chimpánzés após assistirem as gravações, conclusão... Ao avistarem a cobra do lado de fora da jaula, a análise foi a mesma da outra metade de chimpanzés, eles se debateram e gritavam em suas jaulas; tudo isso pois assistiram a gravações de animais semelhantes temendo um animal o qual estava próximo a eles.
Como um resumo geral, pode-se dizer que o medo é extremamente influênciável.
Outro fator importante para o medo é a crença de cada geração, seguimos com as afirmações do pediatra Aaron E. Carroll, também diretor do Centro de Pesquisa em Políticas de Saúde e Profissionalismo da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos:
"As pessoas não estão dispostas a abandonar as crenças que explicam seus mundos e suas ações. As pessoas, não importa idade e geração, sempre são movidas por suas crenças.
Desde a antiguidade podemos perceber isto, a fobia é o medo excessivo por determinado objeto, ser vivo ou ação, esta fobia pode ser utilizada como defesa, como medo de aviões, animais selvagens, como leões, por exemplo; ou até algo que seria irracional, como o medo por tulipas ou rosas. A fobia se derivou do nome de uma antiga divindade grega, Fobos, o qual transmitia o medo e o pavor descontrolado para as pessoas, muitos exércitos gregos possuiam o busto deste deus desenhado em seus escudos pois acreditavam que este desenho transmitiria um medo excessivo aos seus inimigos.
Até aí, nos deparamos excusivamente com algo relacionado a fé, porém, vamos nos direcionar a algo mais cotidiano. Uma das figuras mitológicas de grande conhecimento na atualidade é a figura da górgona Medusa; escavações e pesquisas comprovam que ela foi de grande importância para os mitos gregos e lendas, entretanto, também foi uma figura banalizada. As gregas encravavam, em fogões e até mesmo tampa de potes que continham ingredientes ou algo mais perigoso para as crianças, o rosto da Medusa ou de uma górgona qualquer de forma que a criança visse aquilo e se perguntasse o porquê, então, a mãe contava histórias de que, se a criança abrisse o fogão ou o pote onde tem aquele desenho, a própria Medusa viria de noite buscar a criança e levar para sua caverna. (risadas)
É claro que muitos atualmente podem considerar isso como algo sem compreensão ou sem o mínimo de sentido, entretanto, basta analisar, muitos da minha própria geração e até mesmo os mais novos vivem com os pais contando histórias fantasiosas sobre monstros do armário, debaixo da cama, o famoso homem do saco, dentre muitos outros. Esta é uma prática que deveria ser abolida, pois muitos jovens não conseguem se desenvolver sadiamente pois estas histórias já estão tão gravadas em seu subconsciente, que ele acredita ser real e se torna receoso ao sair na rua com os amigos ou até mesmo ao abrir um armário. Pode parecer uma piada, mas grande  parte de crianças que vem ao meu consultório precisam ser tratadas pois não conseguem se quer abrir um simples armário de casa.
As crenças fazem parte do nosso cotidiano e são, de certa forma, uma arma a qual devemos combater com força e determos a todo custo, pois algumas destas crenças irão formar gerações apavoradas com a própria sombra..."
O medo é mais complexo do que podemos imaginar, é claro que todos nós temos algum temor específico, seja um único ou vários, porém, médicos comprovam que o medo não é apenas um mal psicológico; ele também é capaz de gerar problemas físicos em pacientes.
Um exemplo simples o qual nos deparamos dia-a-dia é sobre homens acima de 40 anos que devem fazer exame de próstata, entretanto, muitos ainda sofrem deste problema por medo de um possível "ataque a sua masculinidade".
"Médico é visto como mensageiro de notícias ruins Depois de uma certa idade, a ida ao médico costuma ser associada a doença e morte. Acredito que os homens que hoje estão na meia-idade cresceram num ambiente em que o médico era visto como vilão, um mensageiro de notícias ruins. Por isso, eles relutam tanto em procurar um especialista, fazer exames de rotina e realizar um check-up. Enquanto se é jovem, acredita-se que é possível superar a morte. Mas, com a chegada da meia-idade, o envelhecimento mostra a sua face e muitos se intimidam diante dela. Mas, na verdade, a ida ao médico não deveria ser associada a doenças. Trata-se apenas de um hábito, que pode e deve ser cultivado em nome da boa saúde. Existe um corpo a ser cuidado e isso não deveria ser encarado como uma ameaça. A medicina também pode ser preventiva. É justamente esse conceito (o de prevenção) que ainda não foi assimilado por boa parte das pessoas. Prevenir-se é uma forma de evitar doenças ou diagnosticá-las precocemente, permitindo uma maior chance de cura. A mulher parece entender melhor a proposta. Ela está mais em contato com suas sensações, com o corpo. Para muitas, cuidar do físico é uma rotina e o médico é encarado com maior normalidade." afirma a psicóloga Lúcia Belo e o médico Marcos Roberto Nascimento, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Então, com isso podemos deduzir que, o medo nem sempre é tão irracional, devemos respeitar cada pessoa e seus limites pessoais, não podemos brincar com seus medos, o que devemos fazer é explorá-los e tentarmos ajudá-los e até mesmo nos ajudar!
Escrito por Felipe M.

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